sexta-feira, 18 de março de 2011

Duelo mortal!

Sentiu algo como se fosse uma picada e queimar um pouco abaixo das costelas e uma dor que lhe preenchia todo o corpo. Agora todas as lembranças vinham e passava diante dos seus olhos como em um filme, ainda tentava entender o que estava acontecendo, não sabia onde estava nem o que estava fazendo, só conseguia ver o cinzento do céu nublado de uma tarde fria de domingo. Deixou então se levar pela viagem das lembranças como se estivesse chapado, embora realmente estivesse de tanta dor que sentia naquele momento.

A primeira coisa que lembrara foi da escola da professora do primário uma senhora gorda e muito carinhosa, lembrou das brincadeiras e de como era legal morar na roça, lembrou também das históricas partidas de trave livre* que disputavam todas as tardes nos potreiros da vizinhança. Um sorriso lhe tomou a face e as lembranças continuavam a passear pela sua memória, o primeiro beijo em uma guria chamada Thais da qual ainda lembrava em detalhes como era o seu rosto mesmo depois de tantos anos. Lembrou da formatura no terceiro ano do colégio, dos porres homéricos que tomou com os amigos que eram os melhores do mundo, lembrou da noite de verão na qual teve o prazer de pela primeira vês possuir uma mulher. As inúmeras e divertidas experiências com maconha e cocaína e do gosto de cravo do Gudang Garan. Ai seus olhos se encheram de lagrimas lembrou-se dos pais da felicidade que era sua vida, das risadas das brigas e principalmente do amor que sentia por eles. Em seguida lembrou-se do amor de sua vida do cheiro doce, da pela macia, do sorriso, do olhar e principalmente do corpo curvilíneo e do gosto de seu beijo.

Então como se acontecesse um estalo em sua mente, tudo começou a ficar mais claro em sua cabeça e começara a perceber o que estava acontecendo. Sim estava morrendo, mas por quê? Conseguiu mexer um braço e o colocou onde a cor começava e se espalhava para o resto do corpo, depois levantou o braço diante do rosto e viu todo o sangue que tinha em sua mão havia levado um tiro. Sentiu um amargo na garganta, levantou outro braço e viu-se empunhando uma Magnun 45. Agora tudo fazia sentido estava num duelo e levara um tiro de seu adversário, mas quem era e porque estava num duelo.

Ergueu a cabeça e viu um homem caminhando de costa, era ele Jonas, O matador, famoso assassino da região. Matava por prazer, não era um assassino de aluguel e não matava ninguém a mando de ninguém. Matava porque gostava de matar, seu ritual era como uma caça avistava a pessoa em seu habitat e depois planejava um jeito de matar. Sua tática favorita era a do duelo, pois assim parecia um ator de filme de velho oeste. Ele selecionava suas vitimas dava um jeito de arrumar uma discussão e fazia-a acabar em um duelo mortal do qual sempre sai como o vencedor. Era por isso que Sebastian estava ali, lembrou de Jonas o desafiando e lembrou-se do tiro que levou e da risada e da frase que Jonas disse antes mesmo que Sebastian desse com seu corpo no chão – foi mais fácil do que eu estava pensando.

Não pode ser não posso morrer agora tenho uma vida boa não quero que ela acabe assim. Esses eram os pensamentos de Sebastian que também estava furioso com o desdém como foi tratado por Jonas. Reuniu todas as forças que lhe restavam e levantou deu cinco passos em direção a Jonas parou e disse – hei seu filho da puta. O matador virou com aquele seu olhar de assassino e antes que pudesse sacar sua arma foi atingido no pescoço caindo no chão e formando uma densa possa de sangue ao seu lado. Jonas se retorcia no chão enquanto o sangue lhe jorrava do pescoço como em um chafariz, viu os passos de Sebastian se aproximando e tentou sem sucesso segurar sua arma. Parou de se mexer ainda com sangue lhe jorrando pescoço a fora e ficou a observar o cano da Magnun 45 a poucos centímetros de seus olhos e ali desse jeito ouviu suas ultimas palavras em vida – vai se fuder no inferno seu matador de bosta!

quinta-feira, 17 de março de 2011

Texto sem titulo


Abominável seria a palavra para descrever o que se via ali, assim em plena luz do dia, como tinham coragem de tal ato de libertinagem, devassidão. Onde esta o pudor dessa gente, a moral, a vergonha na cara e onde esta a policia para dar fim a isso? Eram os pensamentos de Dona Conciliadora, a Dona Dora como era conhecida na vizinhança.

Uma senhora solteirona beirando já os oitenta anos, que vivia a rezar e censurar as crianças e os jovens por suas atitudes, pelo jeito que se vestir, se portar e pelo jeito que eles falavam. Dona Dora sentia saudade do tempo da ditadura, suspirava e se abanava e pedia perdão pelos pensamentos pecaminosos que tinha ao ver o Collor na TV, que chorou e esbravejou e rogou praga contra os caras pintadas. Talvez daí viesse seu ódio pelos jovens. Acima de tudo Dona Dora era uma velha amargurada como todas as mulheres que ficam solteironas e pra titias tornam-se com o passar dos anos principalmente com a chegada da menopausa.

Dona Dora estava embasbacada com a cena que estava vendo, dois homens se beijando na rua em pleno dia. Claro que ela sabia da existência dos homossexuais o problema é que ela nunca tinha visto cena igual e, além disso, para ela o homossexualismo era uma praga das grandes cidades que ia ser varrida por deus através da AIDS. Mas o problema maior era a complacência das demais pessoas que passavam pela rua e viam os rapazes ali abraçando trocando beijos intensos, que simplesmente olhavam e seguiam suas vidas como se fosse normal. O que de fato é, menos é claro para uma senhora como Dona Dora.

Como pode ninguém tomar uma atitude contra essa pouca vergonha, o mundo esta perdido, são todos uns pecadores, pederastas, devassos, libertinos, impuros, tarados e doentes, vão todos para o infernos arder no colo de Satanás, onde esse mundo vai parar meu deus? Pensava Dona Dora, quase tendo um ataque do coração.

Não agüentou mais e gritou contra o casal apaixonado – seus depravados, sem vergonha, pederastas, libertinos, devassos, pecadores vão arder no fogo do inferno, sem a piedade divina. Essas eram as palavras favoritas de Dona Dora. Os dois rapazes pararam de se beijar e um deles olhou e disse – minha senhora, acorde! Não estamos mais no século 19. E como se nada tivesse acontecido virou-se abraçou seu amado com força e voltaram a beijar-se apaixonadamente. Inconformada com a situação Dona Dora entrou em casa o mais depressa que conseguira pegou o telefone e ligou 190, contou todos os detalhes do que se passava na calçada em frente a sua casa. E ouviu do outro lado da linha alguém segurando o riso dizer que – infelizmente não poderia fazer nada para ajudar, pois aquilo não era crime a não ser que estivessem nus ou então praticando sexo.

Depois disso, Dona Dora se trancou no quarto agarrada a bíblia e ao rosário e começou a rezar e prometer pra ela mesma e pra deus que nunca mais colocaria o nariz para fora, de modo que não se contaminasse com o pecado que estava poluindo o mundo. Agradecia também por nunca ter caído em tentação em sua vida e ainda ser pura e intocada pelas mãos de um homem. E assim passou os dias esperando o dia em que daria de presente sua virgindade ao senhor.